domingo, 22 de julho de 2012

Irrealidade Virtual

Hoje o negócio é mostrar que você está e é feliz. As redes sociais são a grande vitrine da sua vida! Todo mundo olhando, acompanhando seus passos e vigiando o que você faz. É um Big Brother... não sei porque tanta gente critica o programa da Globo, porque para mim é quase a mesma coisa - se as redes sociais não forem piores.


Mas você é feliz e vai postar coisas extraordinárias sobre você e sua vida. Nunca vi ninguém postar que acabou de levar um pé na bunda. Se bem que tem gente que compartilha cada coisa, que Deus me livre... overshare. Mas isso é válido para todo mundo que está na rede. A mulherada não gosta quando é marcada numa foto que saiu feia (ou gorda), os homens não gostam que deixem mensagens comprometedoras na timeline (senão arranjam problema depois)... É esconder o errado e feio e mostrar o bonito e legal. Essa é a meta de todos! Vamo lá! Tapar o sol com a peneira!


Então postar a foto da paisagem bonita, daquela viagem sensacional é legal. Aquela outra foto de um passeio de lancha que você fez ou a área VIP da balada mais concorrida que você teve acesso também é super legal. Fazer check-in num restaurante TOP, isso é mais legal ainda. Postar o quanto ama o namorado, ou fazer uma declaração de amor para ele... pô, isso excede o legal!


Obviamente eu estou falando isso com muita propriedade porque eu também posto. Mas esse não é o problema senão não haveria razão para a existência da rede... sabe qual é o problema? É que às vezes se está tentando mostrar algo que não se é - e eu realmente não sei se é para fingir para si, para os outros ou para os dois.


Sabe aquele lance de que "eu preciso mostrar para que saibam o quanto eu sou feliz?"... mas realmente será que eu me considero feliz? Esse é o ponto.
Já vi muito post de namorados que escorria pela tela de tão melado que era, e eu sabendo que o casal estava em uma crise das brabas - mas no Facebook estava tudo perfeito e eles ainda se amavam. Ou pessoas postando que estavam numa viagem maravilhosa e felizes da vida quando elas estavam realmente tristes e solitárias.


A rede social parece uma prova constante. Uma necessidade de afirmação brutal. Tem um monte de vídeo que diz que a gente não tem mais quality time porque está postando, interagindo com gente que nem está presente e acabamos nos esquecendo de aproveitar o momento com as pessoas e coisas reais. Na ânsia de deixar os outros "curtirem" o que nem nós mesmos estamos curtindo devidamente.


Eu mesma já passei inúmeras vezes por isso e acho errado, uma inversão das coisas... você deixa de olhar para o real, para venerar o virtual. Para que os outros vejam. Caramba, como a gente está errando... Parece que as coisas estão sendo mais feitas para os outros do que para nós mesmos.


A internet facilita a comunicação, sem dúvidas... você fica muito mais próximo. Mas é uma comunicação distante, porque é cada vez mais virtual o relacionamento, mais superficial. Já que é tão simples, né? Você nem se expõe, nem se esforça e já interage.


É tão fácil "dar um curtir" ou mandar um "oi" pelo whatsapp. Mas é cada vez mais difícil abordar uma pessoa na rua, na livraria... puxar papo mesmo, sabe? Por que será?


A gente está se expondo virtualmente cada vez e se escondendo da realidade. É uma constatação triste... estamos nos tornando covardes.



domingo, 25 de março de 2012

Fantástica Loja Ocidental de Doces


Vamos fazer um esforcinho agora e imaginar que o seu mundo de relacionamentos amorosos é como estar em uma grande loja de doces. É isso mesmo... a metáfora é ótima. Veja:

Quando você é novo é recebido pelo anfitrião da loja, um moço, que diz: “Bem-vindo à ‘Fantástica Loja Ocidental de Doces’. Tudo que está aqui pode ser olhado e a maioria das coisas consumidas. Quase tudo é de graça, algumas tem que pagar e outras, se você consome muito tem que financiar a produção. Mas fique à vontade por aqui e seja feliz! Se tiver algum problema, eu apareço, pode deixar”.

Você começa a entrar na loja e fica maravilhado com aquela quantidade de opções! É impressionante! São muitas! Meu Deus!!! A loja é a coisa mais gigante e atraente que você já viu em toda a sua curta vida. Tão colorida, chamativa e radiante! Olhando para um lado estão balas de jujubas e chicletes... olha para o outro uma infinidade de pirulitos! Em frente chocolates, bolos, tortas, balinhas de gelatina, biscoitos... e de cada um desses tipos uns mil sabores, formatos e cores diferentes! Você está extasiado e experimenta TUDO que pode! Bom, tem coisas que ainda não dá... ou estão muito caras, ou na prateleira está escrito “para serem consumidos apenas após 18 anos”, outros doces estão esgotados apesar de terem espaço para eles na prateleira. Tem uns chocolates raros que dá até medo provar. Tem coisas que parecem mais antigas... Tem umas balas diferentes, que você nunca nem viu na vida! Você sabe que ainda não está pronto para experimentar certas coisas, mas, sem repetir muito o que considera bom para você, sai que nem um retardado pela loja... tentando dar conta de toda aquela variedade! Fica que nem um louco, dando voltas e voltas, consumindo tudo o que tem direito, descobrindo novidades a cada canto... sem nem pensar em calorias, gorduras, colesterol, cáries ou qualquer outro problema! Afinal você é muito novo...É o paraíso!

Aquela loja é legal demais. Vai passando o tempo e você se cansa de provar tanta coisa diferente.

Nesse momento você coloca na boca uma bala. A princípio é mais uma de todas aquelas que você já experimentou. Mas pera aí. Essa bala tem alguma coisa diferente! Será o gosto? A textura? A cor? O cheiro? A embalagem? Você não sabe ao certo o que é, só o que sabe é que tem alguma coisa extraordinária nessa bala. Você até come outros doces, até experimenta outras balas mas, caramba, não adianta. A lembrança Daquela bala te persegue. Você pára, volta onde ela está e pega outra. E outra. E outra. E mais uma. De novo. Incrível, essa bala é sensacional! Do que que ela é feita? Na embalagem não está escrito...  mas você lê nas instruções (que geralmente só ficam visíveis após o consumo): “Se você comer 10 vezes essa bala, e ainda achar que gosta mesmo dela, essa bala será exclusivamente sua e ninguém poderá comê-la e descobrir o seu poder sedutor! (isso te encanta e muito! Só sua? Uhuuuu!!!) ... MAS, por outro lado, você não poderá comer mais nenhum outro doce por algum tempo – no entanto você deverá permanecer aqui dentro da loja”.
Você aceita, porque a bala é fenomenal. Não quer que mais ninguém prove e descubra o quão incrível ela é! Sim, você é egoísta. E dessa forma continua na loja, na frente da prateleira da sua bala e comendo só ela. No início é tudo o que você queria! Come feito louco, nem liga que está com várias outras guloseimas te tentando por ali. Mas chega uma hora que de tanto que você comeu, ela começa a enjoar... Pera aí, tá certo que você gosta dessa bala, ela é única, ela tem coisas que nenhuma outra bala tem, mas comer SÓ ela “por algum tempo” indefinido é difícil! E aí é que você começa a olhar para os lados... as balas, chicletes e chocolates parecem estar pulando em cima de você, do tipo “ME LEVA – eu sou melhor que ela!!!”... você pára e olha bem para a sua bala, vira e olha para todo o resto e pensa: “Por que mesmo que eu não posso?”
Nisso, farejando problemas, chega o moço que te recepcionou quando você era mais novo e diz que “Filho, infelizmente a regra dessa bala na hora que você a pegou da prateleira era essa. Se você aceitou, tem que obedecer. Se por ventura quiser desistir dessa bala, te digo que você voltará a ter acesso às outras guloseimas da loja – que são muitas”. Você diz a ele que acha que não quer desistir do contrato porque a bala ainda é super boa... mas pergunta se um chicletinho de vez em quando tudo bem, para dar uma variada no paladar, sabe como é. Ele é incisivo e diz que “Não” e explica “Filho, eu mais do que ninguém sei que chiclete não é bala, que o gosto é totalmente diferente, que a ideia do produto também é... mas mesmo assim é errado”. Você insiste e argumenta que você come o chiclete escondido, que ninguém vai ver! Ele te responde “Bom, nesse caso, você é quem sabe... O risco de fazer isso é a bala que você inicialmente escolheu por ser especial perder esse ‘o-que-quer-que-seja-que-te-conquistou-no-início’ e você descobrir que ela não é tão única assim – Mas aí você é quem sabe, não tenho nada a ver com isso”.

Conhecedor, ele te alerta sobre alguns rumos que a quebra de contrato pode levar “Veja bem, sou experiente nisso, filho. Eu já vi muita gente nessa situação. Você quer saber o que eles fazem? Ah, varia...
-  Tem uns poucos que só de ficar olhando para os outros doces a vontade de mudar passa. Não querem arriscar perder a bala que eles tanto amaram inicialmente. São raros esses casos, mas acontece.
-  A maioria não aguenta mesmo... Come um docinho aqui, outro ali, tudo escondido e achando que ninguém vê. Normalmente uma hora vê, sim. Se não vê o cara é sortudo à beça. Mas, se alguém vê, o contrato é rompido de uma forma não muito legal.
- Tem alguns que não ligam muito para o contrato e continuam comendo vários doces ao mesmo tempo. Esses geralmente não podem mais OLHAR para a seção que a velha bala estava, pois quando se descobre tudo – e sempre se descobre - percebe-se que o cara era chocólatra mesmo e foi covarde em ter assumido o contrato inicial que ele nunca conseguiria cumprir – E a seção da velha bala se revolta contra ele.
- Tem outros que se descobrem diabéticos ou alérgicos a doce no meio do caminho! Você pode acreditar? Esses são transferidos de loja, vão para a dos salgados - não sei o porquê, mas tem sido bem comum ultimamente.
- Tem outros que são mais éticos. Rompem o contrato, não pisam mais na seção da bala antiga e invariavelmente são submetidos a um novo contrato por comer demais um chocolate, um chiclete, um bolo ou até mesmo um sorvete... e tentam ser mais felizes! acabaram o contrato e foram em busca do doce perfeito.
- E tem aqueles que sempre lêem a embalagem antes de comer e nunca topam nenhum contrato. Vivem a vida bem desse jeito! Esse cara até me intriga, porque é muito safo. Os doces são bem malandros, me impressiona nenhum conseguir viciar esse cara.

Você olha para ele pensativo, com dúvida sobre o que você vai fazer diante disso tudo. E ele arremata:
“Infelizmente, filho, aqui nessa loja é assim. Eu nunca saí daqui, mas já ouvi falar por outros clientes que tem uma outra loja chamada “Doces Oriente Médio” que é só você ter dinheiro que pode comprar e consumir o que quiser dentro dela... Bem diferente daqui, sem esse lance de exclusividade. De verdade? Depois de tantos anos trabalhando aqui na "Fantástica Loja Ocidental de Doces" ainda não descobri o que é certo. Estou cansado de ver tantas pessoas nessa mesma situação que você”.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Pra que a pressa?


Há uns dias minha avó me disse que está na hora de me casar. Bom, para tristeza da minha avó, isso não está nem perto de acontecer, pois nem namorado eu tenho. Dei aquela boa e velha resposta “Ih, Vó. É melhor estar sozinha do que mal acompanhada”. Poderia ter encerrado o assunto por aí, já que eu acredito que tenha razão, mas isso me despertou várias reflexões.
Hoje, um relacionamento para mim precisa realmente valer a pena. Sabe aquela coisa de que você não entra para ficar no mais ou menos. Quer entrar com a certeza de que em vez de encontrar a sua metade (e frações nunca me pareceram tão grandiosas), você encontrou sua potência e foi elevado a algo maior (e isso é progressão). Isso seria lindo, mas fico em dúvida se realmente existe, ou existirá para mim. Será que espero algo em vão para o resto da vida? Não sei. Não sou Martin Luther King, mas posso dizer que, nesse caso, ‘I have a dream’. rs
Minha avó (de novo), nesse caso muito sábia, também me diz uma máxima que acho excelente: “Não casa na ilusão de que a pessoa vai melhorar. Quando casar, piora”. Isto é, juntando os dois pontos acima você tem que casar (ou namorar) com uma pessoa ciente de todos os defeitos dela, aceitando e convivendo harmoniosamente com tudo isso, e essa pessoa também tem que provocar o seu melhor. Te estimular. Puxa, parece difícil!
Hoje sou livre para fazer o que quero, na hora que quero e com quem eu quero. Às vezes sozinha mesmo, pois já passei dessa fase de ficar com vergonha por não estar acompanhada. Sabe como é, me deu vontade, eu vou. Isso não dá para perder. Esses momentos devem ser engrandecidos com uma pessoa ao seu lado. É claro. Ela tem que se divertir junto com você, entrar na sua onda, fazer você surfar a dela também. Te mostrar novos oceanos, mas gostar de explorar o seu. Isso é imprescindível.
E por isso (apesar da pressão), não tenho pressa. E agora que reparei, olha só, essas palavras são semelhantes. Pressão, pressa... uma coisa leva a outra. Deve ser por isso que as pessoas às vezes namoram antes de estarem prontas e casam antes também. A sociedade te pede isso! E é óbvio que eu nessas situações também entro em desespero, e quero dar esse próximo passo afinal, sou uma mulher e pertenço à sociedade.
Mas pensando bem, não é preciso ter pressa. Poxa, quantos casos que analisando hoje concluo que a melhor decisão foi realmente não ficar junto? Você fica meio cego quando está com alguém... às vezes acomodado. Querendo dar sempre um passo adiante, mas nem sempre tendo plena consciência do mesmo. Mas a vida é isso aí, é a incerteza da ação.
Tem casais que você pensa que seria um absurdo se eles não vivessem ‘happily ever after’. Juro! Tão perfeito! São pessoas que se encontraram. Mas tem outros casais que você não consegue entender como estão juntos, o que sustenta a relação, porque nem fração eles são. Já são subtração, onde um tira do outro o brilho da vida. Mas cada um que se entenda. Às vezes são felizes assim. Não dá para julgar! Tem cada doido no mundo...
Eu digo às vezes que seria tão mais fácil (mas menos legal) se cada um tivesse uma plaquinha no pescoço “eu sou assim, assado. Não suporto isso e aquilo. Sou feliz desse modo”. Nossa, como iria simplificar a vida! Mas realmente seria sem graça. Enfim...

Aqui, à espera da minha potência.
Fração é o necessário. Potência é o excepcional.
Pense nisso. Tem que valer a pena.

domingo, 9 de outubro de 2011

O indesejável


Ele era pequenino, tinha 7 meses e se chamava Snickers, pois era das mesmas cores que o chocolate – bem coisa de americano. Ele era um gatinho que minha irmã (dos EUA) tinha ganhado do marido. Eu achava o Snickers lindo, mas nunca gostei de gato, pois, na minha opinião, não são bichos amáveis e amigos: são interesseiros. Ele vinha roçar na minha perna e me dava a maior aflição. É claro que o gato percebia isso e fazia questão de vir sempre e ser cada vez mais indesejável.
Pois bem, meu contato com o gatinho era muito pequeno, já que ele ficava na casa da minha irmã aonde eu ia uma vez por semana, no máximo.
Na minha casa do intercâmbio não tinha computador mas na casa da minha irmã tinha. Não me lembro por qual motivo, mas eu precisava muito usar o computador, e meu vizinho, Mr Don, que sempre me deixava usar o computador, não estava. Avisei a minha “mãe” e ela disse que ia sair com a minha irmã, então que eu ficasse na casa dela usando o computador durante esse tempo. Topei na hora.
Cheguei lá e minha irmã me disse que elas deveriam demorar umas 2 horas para voltar e que eu me sentisse em casa. Que qualquer coisa eu ligasse no celular dela. Eu disse que não haveria problema nenhum, que fossem tranqüilas. Fechou a porta e foi embora. No que eu virei, vi o gatinho. Ele só não estava na pose do Gatinho de Botas do Shrek porque acho que um gato mesmo não faz aquilo, mas a cena era comovente, eu quase amei o gato naquele momento.
Fui no escritório e liguei o computador, que ficava no chão. Isso mesmo, a torre, o monitor, o teclado e o mouse. Tudo no chão. Liguei e sentei na frente dele, e o Snickers veio junto e ficava chegando perto de mim, o que eu não gostava muito. O windows inicializou e eu fui mexer no mouse. O gatinho achou o máximo a minha mão indo de um lado para o outro e foi brincar com isso. Como meu contato com o gato era muito pequeno, já que como disse, as visitas eram espaçadas e eu também fugia dele, eu não sabia de uma coisa: ele tinha unhinhas afiadas que machucavam bastantinho. E unha de gato é uma desgraça. Era bonito de se ver: eu ia com o mouse para o lado direito e o gatinho pulava em cima da minha mão. Era gracioso, não vou dizer que não, mas me machucava para caramba. Aí eu meio que empurrava o gato e ele devia ficar meio nervoso com isso, pois cada vez vinha mais feroz na minha mão. A minha sorte foi quando ele descobriu o mouse na tela do computador, pois ele deu uma folga para a minha mão e começou a perseguir a setinha na tela, pulando de um lado para o outro, achando que fosse uma mosca, talvez. Só que a mosca não era tão divertida quanto a minha mão, então ele voltava para me machucar.
Aquilo estava me irritando muito, então eu peguei o gato e tranquei ele no banheiro. Voltei para o computador. Fiquei tão feliz de poder fazer minhas coisas em paz, sem me machucar a cada vez que eu precisava clicar em algo... nossa, que coisa boa! Mas daí tive um problema: a minha consciência pesou porque o bichinho não parava de miar. Eu nunca tive um animalzinho de estimação quadrúpede, então não sabia muito bem como lidar com isso. Mas estava me sentindo mal por ele estar preso no escuro e chorando. Afinal, era uma criança, tinha só 7 meses.
Achei melhor soltá-lo do cativeiro. No que eu abri a porta do banheiro ele veio meio feroz para cima de mim, com a unhinha que fazia um estrago do cão. Voltei para o computador, ele veio junto, mas para o meu infortúnio, a situação que já era difícil, agora estava pior. Ele estava nervoso.
Pensei: vou ver se tem comida na vasilhinha dele, quem sabe ele não está com fome. Fui lá e estava cheia. Mas para o meu espanto tinha duas separações a vasilha: uma com a comida e outra com água.
Achei um pouco estranho, pois desde que eu era pequena, eu sabia que gato tomava leite, não água. Pensei que talvez ele não gostasse muito. Então abri a geladeira, peguei o galão de leite, coloquei numa colherzinha e coloquei pertinho dele. Ele tomou tudo. Achei o máximo! Será que minha família americana não sabia que gato bebia leite? Peguei um potinho no armário, despejei bastante leite e deixei lá. Ele ficou hipnotizado no pote e eu pude mexer tranqüila no computador. Acabei de fazer o que eu precisava e o gatinho chegou lá no escritório. Fui até a cozinha, ele me seguiu e para a minha surpresa, não tinha uma gota de leite no pote. Ele queria mais. Achei que aquela quantidade já tinha sido muita para um gato daquele tamanho, guardei na geladeira o galão, lavei o pote e fui ver TV. Era um fato: o gato estava me amando. Ele ficava ali, pertinho do meu pé, querendo fazer amizade e querendo mais leite, mas não fiz nada para ajudá-lo. Já havia proporcionado o maior prazer que ele tivera na vida.
Minha mãe e minha irmã chegaram logo depois, e traziam compras do supermercado. Fui com elas guardar na cozinha. E aí algo inusitado aconteceu. O gatinho começou a pular na porta da geladeira, desesperado. Eu juro, não estou inventando. Desesperado. E muito alto. Não sabia que um gato daquele tamanho conseguia pular tão alto. Minha irmã achou aquilo tudo muito estranho e soltava uns “Nossa, mas o que está acontecendo?!”. O gato estava doido. E ela falou “Linee, did you do anything different? He`s behaving like on the first time we fed him with milk.The vet prohibited due to this crazy behavior, You didn`t feed him milk, did you?” “Meeeeeeeeee? Noooo, nooooooo, noooooooooo. Why would I? Nooooo. How weird”
O gato não morreu, mas ficou se comportando da mesma forma por uma semana. Ficava dando uns pulos bem altos na porta da geladeira. Eu ouvia de vez em quando minha mãe conversar com a minha irmã pelo telefone e estarem falando dos surtos do gato. Agora você imagina a cena: um gato de uns 15cm de altura, pulando feito um louco na porta da geladeira – durante 1 semana.

Moral da história: As coisas sempre têm uma razão, por mais que você não entenda na hora, em algum momento elas farão sentido.

domingo, 25 de setembro de 2011

O último Lover Boy

Ele é um sonhador. É sim. E o sonho dele é ter todas as mulheres do mundo. Ele não cumpriu a meta, ou a cota, ou seja lá que contagem for essa, mas aqui na terra ele não cumpriu e, logo, não pode casar – e dedicar-se a apenas uma mulher.
Ele sonha, ele delira, ele vibra, ele deseja um monte delas. Ele vê uma bunda bonita passando, ele olha, disfarçadamente, mas olha. Ele sofre. “Que mulher é essa, meu Deus”
Ele chega a pensar que Deus realmente foi um artista, para desenhar criaturas tão belas assim e colocá-las ali, diante dos seus olhos.
Ele quer pegar, ele estica a mão e não alcança. E não compreende como podem seus olhos terem tanto e seu corpo ter tão pouco. Ter uma só. Ele precisa de mais. “Como pode isso, não entendo”
E essa ânsia não cabe dentro dele. Ele ama, é realmente apaixonado pelas mulheres. Fala delas como verdadeiras obras de arte, como esculturas perfeitas que andam, com aromas que seduzem. “Que cheirosa, meu Deus”
E ele se enfeitiça. E delira na fantasia de seus sonhos. E fala com admiração, fala com devoção: ele ama as mulheres.
É bondoso, é simples, é puro.
É compromissado. E geralmente é assim: se dedica intensamente a uma mulher.
Só que esse sentimento, essa adoração é muito grande dentro dele: e ele sofre. Se pergunta e se responde: “Não estou pronto para casar, ainda tenho muito o que aproveitar”
E acredita piamente nisso. Pois pensa que está caçando um tesouro, mas ainda não o encontrou, então como ficar com uma única mulher pelo resto da vida? Não dá.
Precisa aproveitar. Ainda tem muito o que experimentar.
Sinto, intensamente, que nunca saberá se há realmente esse tesouro, pois não consegue procurá-lo. Por um simples motivo: é um cavalheiro. Vê em cada mulher duas coisas: a casca, mas, principalmente, o recheio. E, como um passe de mágica, se apaixona pelo conjunto. Por cada detalhe da obra divina, por cada curva, por cada delicadeza, por cada diferença. Pois ele é assim. Se apaixona e precisa descobrir aquela raridade na essência, com calma. Nunca vai ter tantas mulheres como gostaria pois falta tempo, mas as que tiver, vai descobri-las por inteiro, na sua totalidade.

Ele precisa entender que ele é intensidade, não variedade.
Uma rosa tem todas as pétalas da mesma cor. E não perde nada por ser homogênea. É bela por outras qualidades.

Tempo Perdido


Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...
Tão Jovens! Tão Jovens!...

sábado, 17 de setembro de 2011

Sentimento é feito para sentir

Sentimento guardado apodrece. Vira lodo. E pode ser qualquer tipo de sentimento guardado. Se ele é guardado, é não compartilhado, não vivido e não expressado. É um sentimento de uma paixão não correspondida, um sentimento de culpa, uma declaração, uma palavra que ficou por dizer ou uma confissão. Mas ainda está ali, no ponto que parou. Você o vê, ouve e quase que implora para poder vivê-lo, mas não consegue.

E pode falar o que quiser, mas todo mundo tem um. Até a pessoa mais bem resolvida que você conhece, tem um. E se tem um só, é lucro, porque geralmente temos vários. Se soubéssemos o que se passa na cabeça das pessoas, mas EXATAMENTE o que se passa na cabeça das pessoas, a gente sentia, a gente falava, a gente agia ou mudava completamente de idéia, sei lá!... Mas sem medo de ser feliz! Seria tão mais fácil... poder saber o pensamento do outro lado! Aaaah, que maravilha! Imagina? Mas a vida é real, meu amigo, e, infelizmente ou felizmente, tudo tem risco. E a gente não saberá o que está do outro lado se não se arriscar.

Fáááááááácil escrever sobre isso, né? Na redação tudo é lindo... e até a gente tenta racionalizar sentimento, pensando e pensando sobre ele. Tentando achar um porquê, um começo, uma explicação. Revivendo algumas cenas, até criando possíveis cenários! Quem entende... O pior é que, na maioria das vezes, não envolve 1 pessoa só. Envolve um montão e a gente sempre tem medo de magoar ou perder alguém que a gente gosta.

Mas o sentimento é que nem água, se é corrente tem vida, se está parada estraga.

Ainda tenho tantas coisas que gostaria de falar e sentir. Tem coisas que já passaram há muito tempo e que talvez, se fossem trazidas à tona, nem seriam lembradas. Mas tá aí outra curiosidade do sentimento: as pessoas podem sentir em intensidades completamente diferentes. O que eu quero dizer é que a mesma situação pode não ter significado nenhum para mim mas ter gerado um impacto monstruoso para alguém. E era a mesma situação! Os mesmos atores, a mesma cena, as mesmas palavras. Sentida de maneira totalmente  diferente.

Hoje eu sou uma pessoa que vive o sentimento mais do que antigamente. Mas longe de ser ideal. Eu tento expor o que penso, mas também não fico me arriscando por aí, não. Eu tenho medo. Mas se eu vejo que alguma coisa vai me causar um baita peso na consciência, um arrependimento por não ter agido ou falado, eu sei que tenho que fazer algo.

Um sentimento guardado tem tamanho e peso e tem uns que são bem difíceis de carregar porque caminham muito junto de nós. Hoje eu tento me livrar dos meus e não colher muitos novos pelo caminho. É difícil.

Então, para facilitar a minha vida e a sua, sinta e deixe sentir.

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar (Medida por Medida, William Shakespeare, 1604)